28/01/2008
O Sistema Nervoso Central pode sofrer lesões que ocasionam desde perdas temporárias da
consciência e da função motora até quadros severos e permanentes como as paraplegias ou
tetraplegias e alterações sensitivo-motoras por comprometimento de grandes áreas cerebrais e do
tronco do encéfalo, através de traumas crânio-encefálicos(TCE) e/ou traumas de medula
espinhal.
O TCE, na maioria das vezes, está associado à alta mortalidade sendo o resultado do aumento
progressivo da pressão intracraniana e que pode ser dividido em evento primário, por alteração
direta sobre o tecido nervoso, e secundário, onde uma cascata de reações metabólicas
desencadeiam uma piora do quadro neurológico com manifestações sistêmicas.
A lesão primária ocorre por dano imediato e predominantemente mecânico ao parênquima
do tecido nervoso, ocasionado por ruptura de fibras dos tratos e por dano às membranas
celulares. Tal lesão, física e imediata, denominada contusão pode ser irreversível. Entretanto,
pode existir ainda uma ruptura somente fisiológica das células, chamada de concussão,
completamente reversível.
O evento secundário se dá por alterações vasculares que cursam com hemorragias
intracranianas, edema vasogênico, diminuição da perfusão, depleção de ATP, acúmulo
intracelular de Na+, Ca++, de neurotransmissores excitatórios, radicais livres, citocinas, óxido
nítrico e ativação da cascata do ácido aracdônico. Deve-se salientar, que a divisão em eventos
primários e secundários é somente didática, pois as lesões são processos ativos e contínuos. O
tratamento prioriza manter a perfusão adequada ao encéfalo com o emprego de colóides ou
salina hipertônica ou cristalóides e quando necessário a transfusão de sangue total e
hiperoxigenação. Além de oxigênio e fluidos, são recomendados os diuréticos osmóticos, como
o manitol, e o uso de corticosteróides(succinato sódico de metilprednisolona e dexametasona).
A lesão aguda de medula espinhal resulta, na maioria das vezes, de trauma físico direto por
projétil de arma de fogo, por fraturas ou luxações vertebrais e também pelas extrusões de discos
intervertebrais do tipo I de Hansen. A compressão crônica é encontrada, geralmente, associada a
doenças crônicas progressivas como neoplasias ou nas protrusões de discos invertebrais do tipo
II de Hansen. A severidade da lesão à medula espinhal, determinada pelo grau e qualidade da
recuperação, relaciona-se à velocidade com que a força compressiva é aplicada, ao grau de
compressão (deformação transversa) e ao tempo de compressão. O trauma medular, como no
encéfalo, ocasiona deficiências neurológicas através de mecanismos diretos, rompimento
mecânico das vias neurais, e indiretos, que se desenvolvem nas primeiras horas pós-trauma.
Estes, permitem a liberação de fatores endógenos que resultam em redução do fluxo sangüíneo
com alterações metabólicas nas membranas celulares gliais, neuronais e vasculares, perpetuando
o edema e a isquemia com progressão à necrose. O tratamento inclui o emprego de
corticosteróide como o sucinato sódico de metilprednisolona em dosagens distintas se instituído
nas primeiras 3 horas e quando iniciado entre 3 e 8 horas após o trauma. Concomitantemente
aos corticosteróides, preconiza-se o uso dos antagonistas dos canais de cálcio. O tratamento
cirúrgico tem por objetivo a descompressão do tecido medular através de laminectomias
seguidas ou não de durotomias e com ou sem mielotomias.