28/01/2008
Febre Maculosa, a Doença do Carrapato

Febre Maculosa, também conhecida como febre do carrapato é causada por uma bactéria intracelular obrigatória chamada Rickettsia rickettsii, transmitida ao homem, basicamente, pelo carrapato-estrela ou carrapato do cavalo, conhecido pelo nome científico de Amblyomma cajennense.

Na verdade não é qualquer carrapato estrela que transmite a doença, ele precisa estar contaminado pela bactéria, que vive em roedores, como a capivara, gambás, coelhos e em outros animais como o cavalo e o gado.
Entre os animais domésticos apenas os cães podem apresentar alguma suscetibilidade à doença, geralmente de forma benigna e dificilmente a doença é detectada clinicamente.

O carrapato adquire a bactéria e a transmite aos seus descendentes. Uma única fêmea pode colocar até oito mil ovos antes de morrer e seus filhotes podem sobreviver meses sem se alimentarem no pasto, a espera de um hospedeiro.

O homem se contamina ao ser picado por qualquer um desses carrapatos e a doença se manifesta em média, sete dias após a picada do carrapato contaminado.

Esta doença foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil há mais de 70 anos, no estado de São Paulo e pode matar o paciente em duas semanas.

O tratamento é realizado por antibióticos do grupo das tetraciclinas e o cloranfenicol, mas o seu diagnóstico é difícil, pois a doença se manifesta por um forte mal-estar, acompanhado de gripe violenta, febre repentina de 39 a 40 graus, confundindo-se com uma forte virose. Por isso o seu diagnóstico não é fácil. Aparecem ainda manchas vermelhas nos pulsos, tornozelos, palmas das mãos e nas solas dos pés e caso o diagnóstico não seja feito a tempo, a doença evolui para uma infecção generalizada, com complicações pulmonares, vasculares, desidratação, choques, coma e finalmente a morte.

O apoio laboratorial é fundamental e o exame sorológico para detectar a presença de anticorpos é o mais importante. Em caso de suspeita, o médico deve ser procurado imediatamente, especialmente por aquelas pessoas que vivem nas áreas de risco.

O desequilíbrio ambiental provocado pelo homem e ainda pela domesticação e criação de animais considerados reservatórios estão contribuindo para a rápida expansão das espécies de carrapatos. Para se ter uma idéia, 90% das espécies de carrapatos parasitam exclusivamente animais silvestres, os 10% restantes podem ser encontrados nos animais domésticos e no próprio homem.

No Brasil, a capivara é um dos reservatórios naturais da Febre Maculosa e em cativeiro, pode sofrer infestação maciça de carrapatos estrela, o vetor da febre maculosa. É importante chamar a atenção para o risco potencial relacionado à criação desses e de outros animais silvestres em cativeiro, com ou sem finalidade comercial.

Normalmente as espécies de carrapatos têm predileção por uma determinada espécie animal. Temos o carrapato do cavalo, o A. cajennense, o carrapato do boi, o Boophilus, o carrapato das galinhas, o Dermanyssus gallinae, o do cão, o Rhipicephalus sanguineus, no entanto, essa não uma regra, pois o carrapato do cavalo, por exemplo, pode ser encontrado em outras aves domésticas, pássaros silvestres, carneiros, cães, cabras, porcos, cachorros-do-mato, coelhos, cotias, coatis, tatus, tamanduás, morcegos, além de animais de sangue frio, como cobras e lagartos.
São conhecidas cerca de 825 espécies de carrapatos no mundo, divididas em três famílias: Ixodidae (625 espécies), Argasidae (195 espécies) e Nuttallielidae (uma espécie).
No Brasil, foram identificadas 55 espécies, divididas em seis gêneros da família Ixodidae e quatro gêneros da família Argasidae.



O Amblyomma cajannense, o carrapato do cavalo, entre todas as espécies é a que mais persegue o homem. Conhecido popularmente como carrapatos-pólvora ou micuins, constitui-se num verdadeiro flagelo nas fazendas onde há grande quantidade de animais, sobretudo éguas e pastos sujos ( mal cuidados ).

Semelhantes a aranhas em aparência prendem-se à pele dos animais e sugam tanto sangue, que chegam a adquirir a aparência de grãos de feijão.

Algumas espécies, como o carrato da preguiça, o Amblyomma varium, ao lado, por exemplo, podem ser ainda maiores, atingindo o tamanho de um caroço de jaca.





Os carrapatos estão difundidos por toda a terra e além de se alimentarem de sangue, atuam como vetores de muitos agentes causadores de doenças, como: vírus, bactérias, protozoários, transmitindo doenças aos animais e ao homem. Os danos que causam à saúde de seus hospedeiros são de natureza espoliativa, tóxica e patogênica.

Natureza espoliativa, a quantidade de sangue que podem retirar do animal ao se alimentarem é diretamente proporcional à quantidade de carrapatos sobre o hospedeiro, portanto, quanto mais carrapatos, mais danos.
Ação tóxica é causada pela saliva dos carrapatos, que ao sugarem sangue, injetam sua própria saliva no ponto da picada para impedir a coagulação do sangue de suas vítimas. Essa saliva pode causar irritação, intoxicação ou alergia;

Ação patogênica se dá através da transmissão de agentes infecciosos, causadores de enfermidades, tais como vírus, riquetzias, bactérias, protozoários.


Principais doenças causadas por patógenos transmitidos por carrapatos ao homem no Mundo e no Brasil.
Grupo de patógeno transmitido Principais doenças causadas Gênero de Patógeno Ocorrência no Brasil
Arbovírus Encefalites
Febres hemorrágicas Flavivirus
Nairovirus Desconhecida
Desconhecida
Bactérias Febres maculosas
Erliquioses
Doença de Lyme
Febres recorrentes Rickettsia
Ehrlichia
Borrelia
Borrelia Confirmada
Suspeita*
Confirmada**
Suspeita***
Protozoários Babesioses Babesia Desconhecida


O diagnóstico da infestação por esse parasita é muito fácil. Basta a visualização do próprio carrapato sobre o corpo do animal, sem a necessidade de nenhum instrumento. Para o seu controle, utiliza-se inseticidas sintéticos como o Assuntol, Trolene, Ruelene e Neguvon, que são algumas dos mais utilizados em todo o mundo.

Nos cães parasitados por carrapatos, devemos tomar cuidado especial na utilização desses produtos, porque eles são muito sensíveis. Hoje existem umas infinidades de produtos, a sua grande maioria, eficientes, no entanto, a sua prescrição deve ser feita exclusivamente por um médico veterinário.




Em Maceió, a incidência da Erliquiose, uma doença infecciosa severa que acomete os cães, vem aumentando muito nos últimos anos. A sua transmissão se dá pelo carrapato do cão, o Rhipicephalus sanguineus, ou o carrapato marrom.

Este mesmo carrapato pode transmitir outra enfermidade aos cães, como a Babesiose e não é raro encontrar ambas as patologias num mesmo animal, atuando simultaneamente.

Nos cães os sinais clínicos podem ser febre, perda de apetite, perda de peso, fraqueza muscular, secreção nasal, perda total do apetite, depressão, sangramento pela pele, nariz e urina, vômitos, dificuldade respiratória, edema nos membros, palidez das mucosas e anemia intensa.

O diagnostico dessas doenças no cão, a Babesiose e a Erlichiose, são difíceis no inicio da infecção, pois os sintomas são semelhantes a várias outras doenças.

A presença do carrapato e a ocorrência de outros casos da doença na região podem ser importantes para se confirmar a suspeita clínica. O diagnóstico laboratorial pode ser feito na própria clinica veterinária por um profissional experiente ou em laboratórios especializados.

Felizmente, as medidas profiláticas para prevenção do carrapato do cão, o Rhipicephalus sanguineus, também são eficientes contra o carrapato do cavalo, Amblyomma cajennense, o vetor da Febre Maculosa, portanto, quem trata bem o seu cão pode ficar tranqüilo.

MEDIDAS PREVENTIVAS
“Uma vez fixado ao hospedeiro, um carrapato infectado leva um mínimo de seis horas para transmitir a riquétsia. Sendo assim, quanto mais rápido você retirar os carrapatos de seu corpo, menor será o risco de contrair a doença.
Quando uma pessoa é atacada por poucos carrapatos, torna-se relativamente mais fácil e prático retirar todos estes carrapatos num curto espaço de tempo. Por outro lado, quando uma pessoa é atacada por uma alta carga de carrapatos, dificilmente ela consegue retirar todos nas primeiras horas, passando alguns despercebidos por várias horas, ou até mesmo alguns dias. Diante de tais fatos, é obvio dizer que, quanto maior a população de carrapatos em uma área endêmica para febre maculosa, maior é o risco de se contrair a doença.
Como não existem vacinas para serem utilizadas em humanos, como medidas profiláticas da febre maculosa, a medida preventiva mais eficaz é o controle das populações de carrapatos a níveis mínimos, reduzindo substancialmente os riscos de infestação humana.
Quando a exposição a carrapatos é inevitável, recomenda-se o uso de mangas longas, botas e de calça comprida com a parte inferior dentro das meias, todos de cor clara para facilitar a visualização dos carrapatos, e após a utilização, todas as peças de roupas, devem ser colocadas em água fervente para a retirada dos mesmos.”

O melhor a se fazer é procurar um veterinário e informar-se dos cuidados que você deve tomar.