24/07/2011
Toda vez que o proprietário leva seu animalzinho para uma consulta veterinária e recebe a orientação da necessidade da realização de um procedimento cirúrgico ou exames sob sedação, a preocupação é imediata e a primeira pergunta é: “tem risco doutor?”.

Infelizmente, todo procedimento anestésico possui riscos, tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária, pois ocorre depressão dos sinais vitais e os fármacos anestésicos são dependentes de alguns órgãos como o fígado e o rim para sua metabolização e eliminação, caso estes órgãos não estejam em perfeita condição fisiológica, o anestésico permanece por um período maior no organismo favorecendo a ocorrência de efeitos adversos. Pacientes com obesidade e doenças crônicas, cardiovascular, endócrina, neurológica, pulmonar, além de hepática e renal também possuem risco adicional.

O risco pode ser minimizado tomando algumas medidas preventivas por parte do proprietário com base em algumas informações que devem ser questionadas antecedentes a cirurgia:

1 ) Presença de um Médico Veterinário Anestesiologista:

Sempre é recomendado a presença de um médico veterinário anestesiologista durante o procedimento anestésico devido à capacidade técnica, familiaridade farmacológica e treinamento frente a situações emergenciais durante a administração anestésica. O protocolo anestésico torna-se personalizado, pois o anestesiologista realiza o protocolo baseado no histórico do animal, exame clínico, exames pré operatórios e presença de enfermidades concomitantes ou uso crônico de medicamentos.

2 ) Estrutura da Clínica:

Durante um procedimento anestésico sempre os sinais vitais devem ser monitorizados constantemente através de um monitor multiparâmetros que contenha pelo menos os seguintes parâmetros: eletrocardiograma, saturação de oxigênio e pressão arterial não invasiva. O centro cirúrgico deve ser equipado com cilindro(s) de oxigênio(s),  tubos endotraqueais, laringoscópio, além da presença de um médico veterinário disponível para atender situações emergenciais 24 horas.

3) Exames pré operatório:

É desejável que todo paciente faça um check-up antecedente ao procedimento cirúrgico, pois os exames solicitados fornecem informações importantes para o cirurgião e o anestesista como: anemia (hemograma), sistema imunológico (leucograma), função renal (urinálise, uréia e creatinina), hepática (ALT, F.A), ritmo cardíaco (eletrocardiograma), nível de glicose plasmático (glicemia), etc.

4 ) Profundidade anestésica - resumidamente os pacientes sofrem 3 diferentes tipos de procedimento anestésico:

Tranquilização: procedimento realizado com fármacos que promovem relaxamento muscular, sonolência, redução da ansiedade, medo e estresse. Pode ser associado um fármaco analgésico, porém o paciente apesar de sonolento está consciente e responde a estímulos esternos como: luz, barulho e manipulação. Normalmente esta técnica é utilizada apenas para acalmar o paciente antecedente a um procedimento causador de extremo desconforto ou estresse ao animal.

Sedação: procedimento realizado com fármacos indutores do sono (hipnóticos), normalmente associados com fármacos analgésicos como opióides. O paciente não está consciente e não responde a estímulos esternos, porém não está com a profundidade anestésica suficiente para realização de procedimento cirúrgico. Técnica normalmente utilizada para procedimentos pouco invasivos, como exames de imagem ou pequenas suturas.

Anestesia geral: procedimento realizado com a associação de diferentes fármacos e técnicas de bloqueio local ou regional onde o paciente permanece inconsciente, relaxado e com ausência de dor ao estímulo cirúrgico.

5 ) Tipos de anestesia geral:

Dissociativa: anestesia injetável que pode ser utilizada por via intravenosa ou intramuscular pela associação de diferentes fármacos de longa duração de ação que promovem os efeitos acima descritos. Há uma dose padrão para cães e gatos e após a administração do volume calculado não há um perfeito controle sobre sua profundidade anestésica, além de uma recuperação anestésica mais tardia.

Inalatória: técnica anestésica muito utilizada na medicina humana, principalmente na pediatria, devido sua segurança anestésica. A técnica consiste em manter o paciente em plano anestésico com agentes inalatórios como isoflurano (mesmo fármaco usado na pediatria) e sua segurança é maior do que a anestesia dissociativa devido o efetivo controle da profundidade anestésica, ou seja, caso o paciente esteja num plano profundo, reduzindo a vaporização do anestésico, rapidamente o paciente superficializa até o plano desejado e possui rápida recuperação anestésica, diferente da anestesia dissociativa.

TIVA/AIT: Anestesia intravenosa total. Técnica anestésica mais recente da medicina humana e veterinária que consiste em manter o plano anestésico com fármacos injetáveis de rápida ação. Sua diferença quanto anestesia dissociativa é que por ser utilizada por fármacos de rápida ação, estes são administrados em regime de infusão contínua, favorecendo assim como na anestesia inalatória, controle efetivo da profundidade anestésica e rápida recuperação.

Os animais, além de serem de companhia são para muitas pessoas membros da família e se você considera seu animal como membro da família deve procurar o melhor para ele. Procure questionar qual a técnica anestésica utilizada na clínica que o seu animalzinho fará a cirurgia, presença de estrutura adequada e profissionais especializados na área, assim os riscos serão menores com alto índice de sucesso.